sábado, 20 de novembro de 2010

Prazer versus Dever


     O homem vive em constante busca do equilíbrio entre o querer e o dever, comigo, é claro, não é nada diferente. Incontáveis vezes questionei-me a respeito do que quero e do que devo fazer. Por exemplo, quero muito sair no sábado e no domingo com amigos, mas, tenho N+1 trabalhos e resumos para entregar na semana que vem. Confesso que estou realmente tentada a deixar tudo pra lá e ir curtir com o povo, mas logo pesa a consciência e resolvo cumprir com minhas obrigações já que não quero perder o semestre, no fim, ainda não sei se vou ou não sair.
     Era comum no ano passado me questionar se valeria a pena estudar tanto para uma prova de  vestibular. Poxa, perder tantos momentos bons durante meu colegial, durante minha adolescência  para tentar entrar em uma universidade pública sem ter certeza se irei conseguir? No fim de tantos receios fiz o que qualquer outro ser humano normal faria, isso não inclui aqueles que querem medicina, conciliei o que eu quero com o que eu devo. Sendo mais específica, eu me divertia no colégio com meus amigos e me matava de estudar em casa. No fim, deu tudo certo, consegui aproveitar e cumprir com minhas obrigações alcançando assim, meu objetivo. Não é só nessa situação que essa necessidade de equilíbrio se manifesta, na verdade, sempre há essa necessidade, só que às vezes ela fica mais evidente tornando  mais fácil de ser mencionada.
     Particularmente, adoro a psicanálise originada do Freud sobre isso. O complexo do ego fraciona a consciência em ego, id e superego. O id é formado por desejos inconscientes, instintos, impulsos que busca satisfação imediata sem levar em conta a possibilidade de conseqüências indesejáveis, então, quando  bater aquela vontade de comer um doce mesmo sabendo que você tem diabete ou de ir naquele show mesmo sabendo que tem uma prova final no outro dia e que você não sabe nada, isso tudo é culpa do criativo id e suas idéias tentadoras. O Superego, por sua vez,  é  um “vigilante moral”, ele é fruto da cultura, moralidade e bons costumes e tende a reprimir as vontades do id, é o responsável pelo famoso “peso na consciência” quando fazemos algo que racionalmente não queríamos. Por exemplo, estou pretendendo  juntar-me a geração saúde e praticar atividade física,mas por falta de tempo, tenho que levantar mais cedo em alguns dias da semana para praticar algo antes da faculdade. Com mesmo de uma semana já perdi três dias. Não adianta, o meu desejo (id) é  dormir até tarde e eu não resisto a uma idéia tentadora assim. Após um tempinho, vem esse maldito* “peso na consciência” e fico a pensar “Poxa, devia ter ido, queria ter ido”, mensagem essa vinda do superego segundo Freud. Por último, mas não menos importante, há o ego que é a soma dos pensamentos, idéias, sentimentos  do id e do superego. O ego ou o eu busca o equilíbrio entre o querer e o dever tentando satisfazer o id sem transgredir as exigências do superego.
     O mais legal disso é que se pensarmos dessa forma procurando um equilíbrio em uma situação qualquer da vida, logo percebemos que é desse jeito mesmo. Se vivêssemos em um desenho animado, o id seria o diabinho sentado no seu ombro esquerdo e o superego o moralista anjinho sentado no ombro direito e os dois discutindo enquanto você faz o papel de ego julgando o vencedor da situação. Outro ponto bem interessante é o fato dos dois serem mutuamente necessários, isso é,  para conquistarmos um certo “bem estar” ou “felicidade” temos que equilibrar nossas obrigações com nossas vontades momentâneas visando assim satisfação não só instantânea, mas a longo prazo também.
     Portanto, quando estiver em um tentador momento, escute mais o superego e tente satisfazer os dois lados, em situação contrária o conselho também é válido. Isso evita que você se torne um moralista chato ou um pai/mãe por ter sido tentado pelas idéias do id sem se preocupar com preservativo.

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