quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Sozinha...


     Às vezes sinto necessidade de ficar sozinha. Não é timidez, é necessidade. Sou fiel ao “antes só do que mal acompanhada” e por isso sou suspeita para falar. Mas nesse ponto acredito que seja normal., afinal, vai dizer que você prefere sair com aquela sua colega chata que não pára de falar da vida dos outros quando você pode ir só? Como já disse, sou suspeita para falar e já ouvi dizer que a maioria das pessoas não gosta de ficar só, mas a questão que quero debater não é a preferência e sim, a necessidade.
     Como ainda desconheço se é incomum ou não, irei detalhar melhor essa necessidade. Vamos supor que eu esteja viajando, passando trinta dias junto com dez amigos em outro estado. Eu durmo em um quarto com mais cinco amigas e para tudo que eu faça, tem alguém que vai comigo. No sétimo dia e nem chega a tanto eu já começo a surtar. Sinto necessidade de ficar sozinha, na minha... Não preciso de silêncio, pode estar tendo uma festa, não ligo, mas eu preciso de não necessitar dar atenção para ninguém, não “fazer sala” como diz minha mãe, não ser simpática nem conversar. Eu necessito de um tempo quieta. Pode ser uma volta na beira da praia sozinha, pode ser uma ida ao shopping olhando o que eu quero sem ninguém perto para me mostrar outras coisas, pode ser uma parte de hora sentada olhando para qualquer lugar sem ninguém conhecido perto, pode ser trancada em um local olhando pro teto, pode ser, e o meu preferido, andando só numa noite de luar.
     Pode parecer que prefiro andar só, mas torno a repetir que não é isso, não dispenso uma boa companhia. É apenas que preciso de um tempo sem ninguém perto para recarregar a bateria" Esse tempo pode ter n pessoas, mas que sejam n pessoas que não sabem meu nome, como um show ou um lugar movimentado. Até aqui pode parecer normal, o que me intriga é que eu realmente surto se eu não tiver esse tempo.  Eu costumo fugir durante viagens, sumir por um tempo sem dizer para onde, afinal, nem eu sei onde irei parar.
     Nossa, como é boa a sensação de andar em um lugar desconhecido com pessoas que provavelmente nunca te viram e não verão novamente. Andar e andar rumo ao lugar que prender sua atenção e então parar, conversar com aquela pessoa que está ao seu lado tomando um sorvete. Comentar sobre o céu, escutar o que aquela pessoa tem a dizer sem mencionar o seu nome e nem descobrir o dela. Depois, só ir embora até seus pés passarem duas vezes no mesmo local, então você pensar “Ah, então essa rua leva a praça... Bom saber” e quando cansar, voltar para sua família, amigos e tudo mais. A liberdade de escolha quando estou só é empolgante. No meio do caminho vem a cabeça “Poxa, será que tem algo de novo naquela livraria?” e então, eu vou lá. Depois vem a cabeça “Faz tempo que não como cajuzinho de festa” e então, eu vou atrás de um. Ah, doce arte de improvisar na vida.
     É interessante como isso tudo fica ótimo acompanhado também. Calma, não estou entrando em contradição. A companhia que me refiro é específica. Isso tudo continua belo quando seu acompanhante te conhece tão bem quanto você mesmo. Quando estamos ao lado de alguém assim temos liberdade para parar, sentar na beira de uma calçada em outra cidade e observar a lua cheia por um tempo indeterminado sem manter conversa nenhuma e essa pessoa do seu lado entende, faz o mesmo e também aprecia o momento (lembranças). 
     Então, não se assuste se no meio de uma festa eu sumir ou se em uma excursão eu seguir minha própria trilha. Não estarei deprimida como a maioria pensa, logo, não precisa ir atrás de mim fazendo mil perguntas e tentando fazer eu contar meus problemas. Bem provável que não haja problema nenhum. Eu só estarei saboreando um momento sozinha. Não se preocupe, eu fico feliz assim...

4 comentários:

Tom disse...

A tão necessária solidão... é um fato de que a solidão alimenta a mente e "reabastece as baterias". É um tempo pra por os pensamentos em ordem. Tudo no lugar. As grandes idéias da humanidade foram tidas com a companhia dessa moça, a "solidão". Concordo contigo sobre, às vezes (e somente às vezes), termos um tempo de solidão. Tem dois momentos de solidão que aprecio muito: Ficar deitado, no importa onde, olhando pra cima (de preferência sob as estrelas). O outro e caminhar sem rumo! Esse é meu preferido. Apenas seguir meus pés!

Henrique Rosendo disse...

A solidão faz, também, um grande bem pra mim.

Andar completamente à toa é ótimo. Parar(e continuar parado) em um lugar, pensando em nada, olhando pro nada... Hmm... Uma paz interior parece ficar na face de quem faz isso.

E aqueles que vêm perguntando "Vei, o que tu tem? Tá doente, é?", independente de quem sejam, tornam-se coadjuvantes naquele momento de solidão...




- - - - -

Confesso que quando comecei a ler pensei: "Será que vou me arrepender depois?"

Não me arrependi. Muito bom!

Thai e Tom disse...

=D

Feliz em saber!

Obrigada mesmo! =D

Jey Abrantes disse...

Você escreve tão bem, que DEUS continue te abençoando nesse dom maravilhoso... que você possa crescer cada vez mais com isso *-* vc sabe q eu adoro vc, neh? rssrsss... beeeeeeeeeeijo, lindaaaaa!

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