quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Brasil, Um País do Futuro?

      Desde muito nova escuto essa afirmação. Brasil é um dos países que se encontra no chamado BRIC, composto por países emergentes com grande potencial de crescimento. Analisando a evolução como um todo no nosso país nas últimas décadas, há uma resposta positiva em vários setores, porém, ainda há uma ausência de base para suportar esse crescimento. Entre diversos fatores que devem ser trabalhados com maior dedicação em um futuro próximo, o que mais me preocupa é a educação.
     Com o crescimento industrial e tecnológico que já está ocorrendo, há necessidade de mão de obra adequada para o mercado de trabalho e pesquisas científicas. Claro que houve mudanças. Hoje, por exemplo, é muito mais fácil conseguir se formar do que há uma década, porém, qual a qualidade desse ensino? Para começar, analisaremos o ensino apresentado para as nossas crianças e adolescentes. Em 2009, segundo o IBGE ( Institudo Brasileiro de Geografia e Estatística), cerca de  86,9% dos estudantes com 4 anos ou mais cursam o ensino básico na rede pública, isso representa cerca de quase 31 milhões de pessoas, logo,  mais de 3/4 dos estudantes brasileiros dependem diretamente do ensino público.
     Sabe-se que a rede pública de ensino enfrenta diversos problemas, entre eles, má infra-estrutura, desvalorização salarial, dificuldade burocrática em conseguir recursos financeiros para investimento nos colégios e, até mesmo, desrespeito e insegurança nas escolas. Cada dificuldade dessa afeta de forma negativa a qualidade do ensino desses estudantes.
      Particularmente, sempre estudei e estudo na rede pública, embora ainda nova, sempre percebi que o ensino cobrado e apresentado em sala de aula era pouco quando comparado a minha capacidade de aprender. Tive aulas com professores ótimos que muito me ajudaram a passar no vestibular, porém, tive aula também com professores desmotivados que não viam necessidade de se atualizar em relação a própria matéria e cobrar dos alunos que aprendessem. Como estudante de uma rede pública da periferia do Distrito Federal, ouvi de colegas de classe, durante o meu ensino médio, que não havia necessidade nenhuma de estudar, pois, quando se formassem, iriam trabalhar, e pouco importava se eles sabiam resolver uma equação do segundo grau, ou não. Infelizmente, não são todos os estudantes que correm atrás do ensino de qualidade por conta própria, a maioria se acomoda e até demonstram satisfação quando não há obrigação de estudar para conseguir o diploma vendo supletivos como vantajosos, formas de conseguir um diploma em pouco tempo, sem necessidade de muito esforço.
     Quando analisamos os dados do ensino superior brasileiro, percebemos uma mudança drástica. A grande maioria, cerca de 76,3% dos estudantes do ensino superior, segundo IBGE-2009, está cursando em faculdades particulares. Embora o número de formandos no ensino superior tenha aumentado muito, a qualidade, em média, de ensino ainda está baixa. A poucas faculdades que priorizam a qualidade, e a  maioria dessas, possuem preços altos. Para a maioria dos estudantes que não conseguem entrar na universidade pública e não possuem renda suficiente para pagar uma boa faculdade particular, acabam optando por cursar o ensino superior em uma faculdade mais barata, porém, com ensino mais fraco. O meu irmão que também foi de colégios públicos, não teve o mesmo empenho em estudar no colegial. Como a maioria dos meus colegas, sempre pensou que não haveria consequências sérias em não estudar quando criança, e ao chegar ao ensino médio, constatou uma grande dificuldade em acompanhar ensino apresentado devido a falta de conhecimentos básicos do ensino fundamental. Por fim, com atraso, ele concluiu o ensino médio e entrou em uma faculdade particular que cabia no bolso dele. Nesse semestre ele irá formar, porém, já declarou que não irá trabalhar na área porque não se sente preparado. Disse-me, em uma conversa informal, que pouco aprendeu na faculdade e não domina o suficiente para buscar emprego na área dele, de tecnologia. A faculdade em questão, embora apresente mensalidades baixas, foi obrigada pelo MEC à não abrir mais vagas por ter apresentado média inferior a 2 pontos no exame ICG ( Índice Geral de Curso), por três anos consecutivos. O complicado é que faculdades com baixa qualidade e baixos preços são comuns, e casos semelhantes ao dele também, o que faz aumentar a quantidade de formados no país, porém, diminuir a qualidade deles.
      O impacto negativo desse ensino no país afeta diversas áreas. É evidente que há inúmeras pessoas que fazem da oportunidade de estudar em uma faculdade, mesmo que esta não seja muito qualificada, uma ótima qualificação para o mercado de trabalho, mas infelizmente, esses estudantes são a minoria.
      Com todos esses fatos, o que me preocupa é a ausência cada vez maior de mão de obra qualificada para empregos ligados especialmente nas áreas tecnológicas. Um país com potencial para crescer que já está se desenvolvendo, precisa contratar estrangeiros para trabalhar no país, mesmo com tantos brasileiros precisando de empregos. Um país é formado pela massa pensante, pelos trabalhadores, pelos grandes grupos sociais. Esta é a base do Brasil. Não há como sustentar um grande país sem investimentos na sua base. O que me entristece é que essa situação está na frente de todos, não precisa procurar muito para perceber isso, porém, ainda não vejo a preocupação do país como um todo, governo e população, resultando em atitudes efetivas. Particularmente, torço muito por esse país que possui a maioria da sua população composta por pessoas humildes, alegres e trabalhadoras e confio no potencial do mesmo, mas acredito que não é suficiente esperar que o Brasil seja um país do futuro, é preciso fazer o Brasil ser um país do futuro. 
- Thai Braga

fontes: Dados do IBGE 

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